quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Tralha

É incrível a quantidade de coisas que guardamos porque "podem vir a fazer falta". Pois, claro, obviamente que aquele bocado de cordel perdido no meio da bijuteria dos 15 anos pode vir a fazer imeeeeensa falta... Até que um dia faz. Há aquele dia em que, num momento de aflição, pensamos, "bolas, onde é que enfiei aquele bocado de cordel...?". Assim vamos andando... Cordel aqui, botão ali, bloco meio usado, caneta meio roída... Vamos guardando tudo, não vá o futuro pregar-nos uma partida... Ninguém gosta de ser apanhado desprevenido. E aí vamos nós, pela vida a fora, a guardar objectos ("cacos e tarecos", como diria a minha mãe), na esperança de que um dia ainda nos façam falta, quer seja pela utilidade, quer seja pelas recordações que guardam.
Eu admito-o: sou uma guardadora compulsiva. Gosto de estar rodeada de coisas cheias de significado, mesmo que às vezes tenha que fazer uma certa ginástica mental para me lembrar o que é que determinada frase solta queria dizer, ou quando é que me foi oferecida aquela rosa seca. Não acho que seja uma coisa má. É só que... Às vezes também pode extremamente limitador. Andamos com demasiada bagagem... Corremos o risco de ter os braços tão cheios de agarrar tudo o que já nos fez feliz, que não há espaço para agarrar mais nada. Por isso... Nos últimos dois dias deitei carradas de lixo fora. Ele foram papéis, ele foram caixas... Sei lá! Em época de mudança, como a que se vive por estes lados, pareceu-me apropriado dar uma arrumação às "coisas". Arrumar faz bem! Ajuda a compartimentar as ideias, para além das malas fora de moda e dos livros espalhados pelos cantos. Agora vejo superfícies de móveis que já não via há algum tempo e até o ar parece mais leve. Deixo a minha vida organizada, para poder viver em pleno a aventura que se avizinha.E não, não deitei tudo fora... Fica só o que é importante.

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