segunda-feira, 29 de dezembro de 2008


E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos.
David Mourão-Ferreira

domingo, 28 de dezembro de 2008

Australia

Eu fui ver ontem e podia dizer que fiquei com vontade de apanhar um avião para a Austrália, ou que o filme faz jus aos grandes amores dos filmes antigos de que tanto gosto, ou até dizer que vale mesmo a pena ir ver e que mal posso esperar por ter o DVD, mas vou limitar-me a duas palavras:


Hugh. Jackman.*
*Ontem percebi o porquê de o George Clooney ter perdido o primeiro lugar de Sexiest Man Alive para ele...

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Já começou o Natal

"Já começou o Natal. As ruas e as montras estão decoradas, os catálogos de compras multiplicam-se, fazem-se listas, planos, combinações. Acima de tudo, aumentam a azáfama e as compras. A balbúrdia é grande, mas todos, até os mais empedernidos, sentem a necessidade de se sentirem bem-dispostos e serem simpáticos para com os outros. Já começou o Natal.
Cheira-se no ar aquele ambiente estranho, surpreendentemente confortável e doce. Vêm à memória momentos da infância. Este ano é outra vez Natal. Reaparecem símbolos inusitados e anacrónicos. Sinos, azevinho, trenós, bonecos de neve, estrelas, estábulos. Já ninguém sabe exactamente o que querem dizer e soam a estranho na nossa sociedade electrónica. Mas é isso que constitui o espírito de Natal. A actividade económica e a problemática sócio-política têm de se preparar de novo. Já começou o Natal.
No meio de tanta confusão, passa um burrinho com uma Senhora grávida em cima e o marido ao lado. Naturalmente, hoje como em todos os anos dos últimos dois mil, poucos lhe ligam. Já começou o Natal e estamos demasiado ocupados em todas as preparações para lhes dar atenção. Não há lugar para eles nesta nossa intensa actividade. Temos de decorar ruas e montras, ler os catálogos de compras, fazer listas, planos, combinações. Afinal é Natal, a época menos adequada para estes estranhos nos virem perturbar.
Mas hoje, como em todos os anos dos últimos dois mil, o Menino insiste em nascer. Perante o nosso alheamento e indiferença, Ele insiste em nascer. A actividade económica e a problemática sócio-política não têm lugar para Ele. As nossas tarefas familiares e ocupações profissionais não permitem que lhe liguemos. Mas Ele insiste sempre em nascer. Nem que seja num estábulo. Num estábulo vazio e frio, o único sítio da cidade que tem lugar para Ele. Era suposto o estábulo estar vazio. Há tanto a fazer no Natal, há tanta actividade na cidade, que ninguém tem tempo para ir ao estábulo vazio e frio. Só por isso é que há ali lugar para Ele. Só por isso é que o Menino conseguiu nascer. Mas depois, surpreendentemente, aquele estábulo fica cheio de gente.
Os pastores e os magos visitam o Menino. Eles sabiam que o Menino viria. Eles tinham começado o Advento, depois da festa do Cristo-Rei. Tinham iniciado o ano litúrgico e seguido as várias semanas de preparação para a chegada do Menino. Vão à missa, rezam o Terço, confessam-se, acompanham a liturgia festiva desta época incomparável do ciclo anual. Desta forma é que conseguiram ouvir a mensagem do Anjo e seguir a estrela até ao Presépio. Desta forma é que foram ouvindo “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados” (Lc 2, 14).
Claro que os pastores e os magos também estão muito atarefados na azáfama geral. Afinal, já começou o Natal é há muito a fazer. Também eles fazem listas, planos, combinações. Também eles aumentam o bulício e as compras. Mas fazem-no acompanhando a viagem do burrinho com a Senhora grávida e o marido ao lado. Fazem-no para festejar o nascimento do Menino. Fazem-no para nascer de novo, com o Menino. E só assim é que é possível a presença do Menino nas festas de Natal deste ano. Só através de todos os que se ocuparam intensamente nessas festas, mas a pensar no Menino. Por causa do Menino.
Aliás, são os pastores e os magos que, mais do que ninguém, cheiram no ar aquele ambiente estranho, surpreendentemente confortável e doce. São eles que revivem na memória momentos da infância, da juventude, da velhice. Momentos em que foi, mais uma vez e sempre, Natal. São eles que, no meio da azáfama, entendem os símbolos, os sinos, o azevinho, os trenós, os bonecos de neve, a Estrela, o Estábulo. São eles os únicos que sabem exactamente o que querem dizer os símbolos e como eles se enquadram estranhamente em todas os séculos, até na nossa sociedade electrónica. São eles que vivem o verdadeiro espírito de Natal.
Aquele espírito que todos sentem, mesmo no meio da azáfama. Porque todos vivem o espírito de Natal, aquela necessidade estranha de se sentir bem-disposto e ser simpático para com os outros. Mas o único espírito de Natal que existe vem daqui. Aquele espírito que todos, até os mais empedernidos sentem, vem daqui. Não há outra fonte do espírito de Natal senão o nascimento do Menino. E este espírito só se pode entender seguindo o Advento, as várias semanas de preparação, indo à Missa, rezando o Terço, confessando-se, acompanhando a liturgia festiva desta época incomparável do ciclo anual. Todos, mesmo os mais empedernidos, é daqui, mesmo sem o saberem, que recebem este espírito único, aquele ambiente estranho, surpreendentemente confortável e doce. Neste ano vai nascer o Menino.
Neste ano, apesar das nossa azáfama, conscientes ou inconscientes, vai nascer o Menino. Quem O traz, em cima do burrinho e ao lado do marido, é a Senhora. E a Senhora chama-se Igreja. Já começou o Natal."

2002-11-27
João César das Neves
O texto, claramente, não é meu, mas sim do Professor da UCP João César das Neves. É daquelas pessoas que às vezes gosta de ser um bocado inconveniente e escrever sobre aquilo em que acredita. A meu ver, ainda bem! Muito me ajuda a explicar o que é o Natal, esta festa de aniversário que é mais importante que todas as outras. Não me alongo porque o texto do Professor diz muito melhor o que quero dizer do que qualquer coisa que eu escrevesse aqui. Para quem tiver paciência e um bocadinho de boa-vontade, leia. Eu só quis partilhar aqui com vocês a maneira como eu vejo, e vivo, esta época, que é a mais bela de todas!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Estado de espírito*

Estou além
Não consigo dominar
Este estado de ansiedade
A pressa de chegar
P’ra não chegar tarde
Não sei de que é que eu fujo
Será desta solidão
Mas porque é que eu recuso
Quem quer dar-me a mão

Vou continuar a procurar a quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só...


Quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi

Esta insatisfação
Não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder
Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P’ra outro lugar

Vou continuar a procurar o meu mundo, o meu lugar
Porque até aqui eu só...


Estou bem
Aonde não estou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
Porque eu só estou bem
Aonde não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou


António Variações
* meu e teu, S.!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Quarto minguante

Ser mulher tem destas coisas. Há dias em que não nos controlamos e a palavra razão deixa de fazer parte do nosso vocabulário... Ficamos com lágrimas nos olhos com o anúncio da Channel (Santoro, a quanto obrigas...), temos necessidades súbitas de comidas que tinhamos prometido nem chegar perto, o chocolate passa a ter um efeito medicinal, quase sobrenatural, a que não podemos resistir, as músicas que ouvimos completam o estado de espírito melancólico que, se nos perguntam a que se deve, só tem uma explicação: malditas hormonas! Toca a todas... Depende da altura do mês, da estação do ano, do momento do dia, do tempo que faz... Gosto de pensar que isto acontece por estarmos tão intimamente ligadas à Mãe Natureza, o que nos faz, umas vezes mais que outras, andar ao sabor dos instintos... Ficamos com os sentidos à flor da pele e sentimos como sendo nossas as variações de humor que nos rodeiam. Hoje deu-me para isto e fiz a única coisa que podemos fazer nestas ocasiões: rendi-me! Tenho como banda sonora o "You belong to me" da Patsy Cline e o "For once in my life" da Vonda Shepard, já revi inúmeras cenas das minhas séries preferidas e andei a afogar mágoas em gomas... Quem sabe mais tarde até me aventure numa sessão de compras para completar o cenário (algo decadente, convenhamos...) que tenho certeza que me vão animar... ;p Eventualmente volta tudo ao normal e voltamos a ser nós próprias, não é? Só resta esperar que a nossa própria lua volte a mudar de fase...

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Este fim-de-semana há...

Banco Alimentar Contra a Fome pelo nosso país fora. É uma causa séria e que merece todo o apoio que pudermos dar... Afinal de contas é só isso que pedem: aquilo que puder, e quiser, dar! Não custa nada... Aliás, aquilo que sentimos quando damos alguma coisa sem pedir nada em troca, simplesmente pelo saber que estamos a fazer aquilo que é certo é... Único! Eu vou estar pelos lados do LIDL de Loures ao princípio da tarde, se me quiserem ir fazer uma visitinha... Terei o maior prazer em receber os vossos sacos! ;)



Encontro de Bandas Filarmónicas e Orquestras Ligeiras do Concelho de Loures o que inclui a minha Orquestra Juvenil do Pinheiro de Loures. Diz que se vai fazer boa música lá por aquelas bandas! Eu também vou lá estar, do lado esquerdo do palco... E também terei o maior prazer em tentar não desafinar para vocês...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Golegã - 2008



Esta foi, tenho a certeza!, a primeira das muitas vezes que irei à Feira da Golegã. Gostei mesmo! Gostei das cores dos trajes, do nevoeiro, dos sabores e dos licores, dos cheiros de Outono, do frio, das músicas que nos impediam de estar paradas, do som do trote dos cavalos, do gesto pronto e amistoso das pessoas com quem nos cruzávamos... Escrevo no feminino porque o meu primeiro contacto com a Golegã foi vivido assim, entre mulheres. E com duas das minhas preferidas de entre todas as que fazem parte da minha vida: obrigada meus amores! Foi, sem dúvida, mais "uma noite para recordar".

Para o ano já sabemos o que fazer: vamos mais cedo, vimos mais tarde e deixamos aquele espírito entranhar-se ainda mais em nós...

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Perfect match




Eu e a Carolina (com as letras todas) temos uma relação que eu sempre considerei basear-se na nossa enorme compatibilidade. Não somos iguais, como às vezes nos sentimos com algumas pessoas. Somos o que somos porque ela é loira e eu sou morena. Porque ela toca clarinete e eu toco flauta. Porque ela é das Artes e eu sou das Letras. Porque não temos o mesmo nome mas os nossos nomes partilham sons, sílabas tónicas e diminutivos pirosos. Não somos opostos, antes completamo-nos.
Precisamente por caminharmos tão bem juntas é que os nossos caminhos têm seguido assim, lado a lado e com frequentes cruzamentos. Por isso mesmo agora decidimos dar outro passo na nossa relação: vamos juntar os trapinhos! E por trapinhos entenda-se o "rosinha", que vai entrar numa nova fase da sua curta vida. Como por aqui somos grandes apologistas da filosofia de que devemos receber a mudança de braços abertos, decidimos evoluir! A partir de hoje eu e a Carolina damos início a mais uma das tantas parcerias que temos. Ela passa a tratar da parte gráfica do "belogue" e eu trato dos escritos... E, como em todas as uniões de sucesso (como é o caso da nossa!), todos ganhamos com isso! Por isso obrigada Carô, por tornares o meu blog simplesmente ÚNICO!

domingo, 19 de outubro de 2008

"Meu amor querido

Adoro-te minha gata de Janeiro meu amor minha gazela meu miosótis minha estrela aldebaran minha amante minha Via Láctea minha filha minha mãe minha esposa minha margarida meu gerânio minha princesa aristocrática minha preta minha branca minha chinezinha minha Paulina Bonaparte minha história de fadas minha Ariana minha heroína de Racine minha ternura meu gosto de luar meu Paris minha fita de cor meu vício secreto minha torre de andorinhas três horas da manhã minha melancolia minha polpa de fruto meu diamante meu sol meu copo de água minha Escadinhas da Saudade minha morfina ópio cocaína minha ferida aberta minha extensão polar minha floresta meu fogo minha única alegria minha América e meu Brasil minha vela acesa minha candeia minha casa meu lugar habitável minha mesa posta minha toalha de linho minha cobra minha figura de andor meu anjo de Boticelli meu mar meu feriado meu domingo de Ramos meu Setembro de vindimas meu moinho no monte meu vento norte meu sábado à noite meu diário minha história de quadradinhos meu recife de Manuel Bandeira minha Passargada meu templo grego minha colina meu verso de Hölderlin meu gerânio meus olhos grandes de noite minha linda boca macia dupla como uma concha fechada meus seios suaves e carnudos meu enxuto ventre liso minhas pernas nervosas minhas unhas polidas meu longo pescoço vivo e ágil minhas palavras segredadas meu vaso etrusco minha sala de castelo espelhada meu jardim minha excitação de risos minha doce forquilha de coxas minha eterna adolescente minha pedra brunida meu pássaro no mais alto ramo da tarde meu voo de asas minha ânfora meu pão-de-ló minha estrada minha praia de Agosto minha luz caiada meu muro meu soluço de fonte meu lago minha Penélope meu jovem rio selvagem meu crepúsculo minha aurora entre ruínas minha Grécia minha maré cheia minha muralha contra as ondas meu véu de noiva minha cintura meu pequenino queixo zangado minha transparência de tules minha taça de oiro minha Ofélia meu lírio meu perfume de terra meu corpo gémeo meu navio de partir minha cidade meus dentes ferozmente brancos minhas mãos sombrias minha torre de Belém meu Nilo meu Ganges meu templo hindu minha areia entre os dedos minha aurora minha harpa meu arbusto de sons meu país minha ilha minha porta para o mar meu mangerico meu cravo de papel minha Madragoa minha morte de amor minha Ana Karénine minha lâmpada de aladino minha mulher"

D'este viver aqui neste papel descripto,
António Lobo Antunes
Esta declaração de amor é avassaladora por vários motivos... Pela escrita, que é tão simples e ao mesmo tão complexa, como só o Lobo Antunes sabe fazer. Pela dimensão, porque fala de um amor enorme, profundo, infinito. E acima de tudo, pela veracidade. Porque esta carta não é fruto de uma imaginação mais romântica, de um momento de inspiração aleatório do escritor. Estas palavras são verdadeiramente belas porque ele as escreveu para ela. Porque ele existe e ela existiu. Mesmo! Por isso, esta palavras imortalizadas em papel, são a prova de que é possível amar assim...
Todo este livro é uma carta de amor... Que dura meses e sufocos, mas é constante no sentimento que abarca em cada página.

sábado, 18 de outubro de 2008

Eu vou, eu vou! Deolinda ver eu vou!
Para tchi-pum! Para tchi-pum!
Eu vou! Eu vou, eu vou, eu vou!

terça-feira, 7 de outubro de 2008

O essencial e o acessório

De todos os rótulos que posso ter (e tenho-os!) acho que o mais óbvio e permanente-até-um-dia é o de estudante. Os outros que tenho são-no, na maioria, por escolha própria e mais recentes. O de estudante é um dado adquirido! Faz parte de mim, quase como o de ser irmã mais nova. Enfim, tudo isto para dizer que sou Estudante. Ponto. Mas tenho uma confissão a fazer. Quando os meus colegas me pedem apontamentos e eu digo que não tenho? Pooois... Não estou a ser egoísta, a sério... É mesmo porque não tenho. Um caderno chega-me para um ano lectivo inteiro e ainda me sobram folhas. Se fosse mesmo poupadinha era capaz de fazer render um caderno para a licenciatura toda... Sou mesmo má a tirar apontamentos (acho que se deve ao facto de também não ser muito boa a distinguir o que é essencial do que é acessório... Pode ser muito confuso).
Ora hoje, durante uma aula, escrevinhei qualquer coisinha aqui pelo caderno (wow) e agora que estava a passar os olhos pelo caderno (WOW) reparei numa coisa que um professor disse e passo a citar:


Interdependência
  • não posso fazer uma coisa sozinho e melhor do que se a fizesse em cooperação;


  • nenhum de nós pode fazer uma acção sem que isso produza efeitos nos outros.


Isto deixou-me a pensar... Não na matéria, como era suposto, mas na verdade que encerra. Nós precisamos uns dos outros. Não é apenas querer, não é apenas gostar... É necessidade. Mais que dependentes, somos realmente interdependentes porque também somos "dependidos". É verdade que esta relação nem sempre é equilibrada e é aí que surgem os nossos choques. Porque somos muitos e andamos a passear pela vida uns dos outros, a entrar e a sair, a testar fronteiras e a criar laços. De dependência, porque há sempre qualquer coisa que fica. E acabamos profundamente enredados uns nos outros... Isto, meus caros (ou Luís Carlos, como preferirem...), parece-me profundamente essencial. Por isso dou-me por satisfeita e, se só conseguir voltar a tirar um apontamento decente daqui a algum tempo, nem me vou preocupar...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Obrigada, Deolinda!

Enfim, já que não os vou poder ir ver ao menos dedico um "postezito" a essa grande novidade que surgiu na minha esfera musical há muito pouco tempo... (Obrigada, R.!) A partir do momento em que conheci "a" Deolinda, ela passou imediatamente a fazer parte das minhas memórias auditivas... E não só. Passou também a fazer parte das memórias visuais, pelas imagens que a sua música nos transmite, e das emocionais, pelo sorriso bom e o conforto muito típico que cada música nos traz. Mas como os amigos mais próximos "dela", que são quatro (e muito talentosos!), é que a conhecem bem, prefiro apresentá-"la" pelas palavras deles:

"O seu nome é Deolinda e tem idade suficiente para saber que a vida não é tão fácil como parece, solteira de amores, casada com desamores, natural de Lisboa, habita um rés-do-chão algures nos subúrbios da capital. Compõe as suas canções a olhar por entre as cortinas da janela, inspirada pelos discos de grafonola da avó e pela vida bizarra dos vizinhos. Vive com 2 gatos e um peixinho vermelho..."


Eu aqui deixo a minha humilde opinião: oiçam-nos. Vale mesmo a pena! Confesso que já há algum tempo que não tinha uma surpresa assim tão boa e refrescante com a música portuguesa! Afinal, parece que ainda somos capazes de nos surpreender... E quando alguns o fazem com sonoridades que são tão nossas, o orgulho é inevitável.
P.S. - E obrigada, C!!! Sinto-me mesmo culpada por não ter estado ao teu lado no nosso primeiro concerto de Deolinda, mas os teus telefonemas atenuaram o meu desapontamento... Adorei ouvir os vossos gritos aos meus ouvidos!!!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Parabéns, mia Sú!

Parabéns, minha amiga... Que tenhas um dia para recordar (nós vamos fazer por isso...) e que, quando te lembres, penses nele como o dia em que começou uma nova etapa da tua vida!


Que sigas assim, de flor no cabelo, bailando por la vida!

domingo, 7 de setembro de 2008

Os dois

Eu não sei quantas vezes te vais matar até eu cair
Eu não sei quantas vezes vais fugir para não voltar
Eu não sei qual das fugas iguais será excepção
E talvez um dia seja eu a largar a mão

Eu quero ver quantas vezes me vais ferir até ganhar
Quero saber se o que vem te dá razões para confiar
E entender que eu te sei sarar, te sei fazer feliz

Hoje vou-te querer roubar outra vez
Hoje vou-te querer provar outra vez
Vem viajar e ficando para depois...
Os dois...

E ninguém te vai prometer que é para sempre a paixão
E ninguém te vai jurar que é o fim da solidão
Mas eu não te sei apagar sem que possas entender:
O que o acaso nos mostrou a razão fez esquecer...

Porque eu sei que existir ao pé de ti é bem melhor
Eu sei que depois da tempestade vem azul
Eu já sei de cor o espaço do teu corpo para mim

Hoje vou-te querer roubar outra vez
Hoje vou-te querer provar outra vez
Vem viajar e ficando para depois...
Os dois...

Eu não sei quantas vezes te vais matar até cair
Mas se é tão fácil escurecer e tão simples eu fugir...

Hoje vou-te querer roubar outra vez
Hoje vou-te querer provar outra vez
Vem viajar e ficando para depois,


os dois.


Tiago Bettencourt e Mantha
Achei que esta letra era um excelente motivo para falar/escrever sobre O Jardim, o álbum que o Tiago Bettencourt editou com os Mantha e que, a meu ver, teve um resultado muito feliz... Daqueles que se põe no modo de repetir e se ouve uma vez e outra, e outra e mais outra...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Mais um

É oficial. Hoje começou mais um ano de aulas. Quer dizer... Não começaram bem, bem as aulas mas... A partir do momento em que se volta à faculdade, já não há volta a dar, não é...? Pois. Para mim esse dia foi hoje.
Esta constatação não é só um pequeno aparte sem importância... Afinal de contas é por este calendário que a minha vida se rege desde que eu me tenho em conta enquanto pessoa... Na verdade, a passagem de ano é só uma noite em que aproveitamos para festejar com os amigos nas férias de Natal. Os dias por vezes têm horas a menos e por vezes têm horas a mais. O Verão só é Verão a partir do momento em que as férias começam. De outra maneira, Julho é só uma fase da Primavera em que está muito calor... Um dia só começa de manhã se o horário das aulas disser que sim.
E assim me preparo para mais um ano delineado pelas mesmas linhas mestras de todos os outros anos de que me lembro, e não faz mal... Afinal, este calendário não vai durar para sempre e qualquer dia (demasiado cedo, se querem que diga...) vou dar por mim a contar os meses pela quantidade certa de dias que têm e a suspirar por uns pózinhos de férias que vou poder espalhar pelo meu ano de doze meses e a organizar os meus dias de 24h com a certeza de que o fim-de-semana vai ter exactamente 48h ou, se tiver muita sorte e apanhar um feriado, 72h.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Nós e os Nossos

Agora que a minha S. está de partida para viver a vida que sempre quis dei por mim a ver o site do IKEA para ver coisas giras para a casa dela... Podia estar a pensar na falta que me vai fazer tê-la sempre a dez minutos de distância mas (honestamente!) sinto-me muito mais entusiasmada com esta nova fase da vida dela. Claro que vou sentir falta, claro que vou ligar, claro que vou fazer birra e dizer que ela não me liga mas, essencialmente, estou feliz. Por ela. Só por ela. Acho que vemos o quanto gostamos das pessoas na medida daquilo que desejamos para elas. Quando damos por nós a pensar que elas merecem o mundo e tudo o que de bom a vida pode dar, percebemos: é amor. Não me refiro aquilo que escrevemos numa SMS de aniversário ou que dizemos no fim de uma conversa politicamente correcta... Falo, sim, de quando torcemos com todas as nossas forças para que uma pessoa seja capaz de ganhar uma corrida, seja ela de que natureza for, ou sentimos na própria pele a desilusão quando ela não é capaz. E nessas alturas desejamos trocar de lugares, para diminuir a perda, para a poupar, para evitar a tristeza, para que nada a magoe. Aí percebemos. Aí ficamos surpreendidos pela dimensão do que podemos sentir por outra pessoa e o quanto as bancadas nem sempre são o pior sítio para se estar. Quando dizemos "mi casa es su casa" e isso é verdade, quando esperamos por uma carta que nem nos é dirigida tão ansiosamente como se o fosse, quando nos sentimos ofendidos com pessoas que nem conhecemos e travamos guerras que nem são as nossas. Quando o "eu" sou "tu" e preferimos o "nós" a qualquer outro pronome pessoal!

sábado, 30 de agosto de 2008

Parabéns, coração!!!



Hoje é o teu dia, minha R.! Que o passes como queres, com quem queres, onde queres! Muito, muito, muito obrigada por me deixares fazer parte não só deste teu dia mas como da tua vida! Que passemos todos os nossos "vinte e.." assim: juntinhas!!!




P.S. - I love you!





P.P.S. - Vais adorar a tua prenda...

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Há livros assim

A primeira vez que li O Príncipe e a Lavadeira, do Padre Nuno Tovar de Lemos, foi num retiro com o grupo de jovens de que (felizmente!) faço parte. Veio-me parar às mãos um molhe de fotocópias de alguns dos textos que fazem parte do livro e eu, mais por vício inveterado que por outra coisa, comecei logo a ler. E pronto. Não parei até ver a última página e assim que me apanhei numa livraria fui logo comprar o livro (que por sinal era o último na estante...) e li o resto de uma assentada. Passou a ser um livro de eleição e um daqueles que se recomenda (no meu caso impinge) aos amigos. Ajuda especialmente quando eu própria não encontro as palavras certas para responder às perguntas dos mais cépticos acerca da fé que tenho e da qual faço alicerce da minha vida. O livro é composto por vários textos que o Pe. Nuno foi escrevendo por variados motivos e que, por serem tão especiais, mereceram ser agrupados e publicados. Quem normalmente se refere a ele compara-o ao O Principezinho, de Saint-Exupéry, por ser um livro que fala de assuntos realmente importantes com uma simplicidade que nos desarma e com metáforas tão bonitas que nos tocam lá no fundo da infância. São estórias que falam de pessoas, de escolhas, de Deus, de fé e da falta dela. Para quem crê, para quem não crê e para quem não sabe se crê. Há livros assim.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Saia Indiscreta

É tão difícil deixar-te
Antes pedir que me deixes
Tu tens um encanto à parte
Do brilho fugidio dos peixes
Gosto de te ver andar de bicicleta
Na minha rua
É a maneira indirecta
De mostrares as tuas pernas uma agora e outra depois
Até a saia mais discreta
Parece
feita de vento

Eu no passeio e tu no assento
Dás tesouradas
no ar e no meu peito a contratempo
É tão difícil deixar-te
Ver-te virar noutra rua
Tu tens o encanto à parte
De pedalar para a lua
Até a saia mais discreta
Parece feita de vento
Eu no passeio e tu
no assento
Dás tesouradas no ar e no meu peito
Tu tens o encanto à parte de pedalar
Para a lua
Filármónica Gil
(é bom ver coisas assim na nossa música!)
*Obrigada J. por me apresentares a esta música! É bom saber que, mesmo depois de passarmos a idade de trocar cromos para a caderneta, ainda temos alguma coisa para fazer a vez deles!

sábado, 9 de agosto de 2008

On my way to Allgarve

Podia dizer que vou para o Algarve, mas isso seria mentira... Não vou para o Algarve das aldeias típicas, das casinhas brancas, das serras e dos pescadores... Vou mesmo para o Allgarve: o das praias cheias de "bifes", o da piscina de manhã e da praia até às oito da noite, o das ruas cheias, o do pão de plástico, o dos parques aquáticos, o das noites longas e das bolas de espelhos, ao som do barulho das luzes. Não pensem que esta versão do Algarve me fascina (até nem gosto muito deste slogan...) mas a verdade é que pelo menos uma semaninha desta efervescência por ano ninguém me tira. Felizmente tenho tido a (enorme!) sorte de partilhar dias (e noites) algarvias com pessoas especiais, com quem para além de partilhar ADN também partilho anos de convivência e de confidências. Estes verões são apenas uma vivência destas relações, já fazem parte da nossa história, apesar de nunca serem iguais porque, quer queiramos, quer não, as coisas mudam. Mas como este espírito de verão nos faz ver o "copo meio cheio", parece-me melhor pensar que elas evoluem... Por isso venha mais um Verão à beira da piscina, à beira-mar, à beira-bar...

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

"Cap ou pas cap?"

Ultimamente o site watch-movies.net tem feito as minhas delícias. Tenho visto mais filmes nos últimos dias do que nos últimos meses. Enquanto percorria a lista de filmes encontrei o Jeux d'Enfants, que não conhecia mas como a actriz principal era a Marion Cotillard decidi experimentar e... amei! Achei o filme verdadeiramente bonito, irreal até... Um filme de extremos, que nos faz pensar na loucura que é o amor e nas loucuras a que ele obriga... Confesso que o facto de a música La Vie en Rose ser uma constante ao longo do filme também ajuda. A história gira à volta de um casal (e)terno, intemporal, cuja relação se baseia num jogo de desafios a que a resposta é simples: aceitas ou não aceitas? Este jogo não faz parte da relação, o jogo é a própria relação. Os personagens mostram-nos de uma maneira verdadeira, directa, sádica mesmo, essa faceta das relações, aqueles momentos em que a resposta é mesmo "sim ou não", o prazer perverso que por vezes encontramos em magoar quem nos é mais querido. Não conto mais porque vale a pena e ver e há quem não goste de spoilers... Eu acabei de ver o filme confusa, sem perceber o que realmente tinha acontecido, mas também isso é irrelevante. O que interessa é que a resposta aos desafios foi sempre a mesma. Cap.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Saldos, saldos, saldos!!!




Ooooh, yessss... Confesso. Sou doida por saldos. Há lá coisa melhor que andar a vasculhar no meio de pilhas de t-shirts, camisolas, calças, sapatos, tops, cintos, trapinhos e mais trapinhos??? Okay, há, mas mesmo assim os saldos são mesmo bons... É óptimo chegar a casa com um saco cheio de roupa que nos custou uma ninharia, é óptimo encontrar "aquela" peça no meio de milhares de outras a um preço de nos fazer pensar "eh, eh", é óptimo encontrar pequenos tesouros espalhados pelos sítios mais improváveis das lojas como se estivessem ali à nossa espera... Que posso dizer? É óptimo! Que me desculpem as pessoas que trabalham nas lojas e que por estas alturas devem rogar pragas a quem por lá anda a remexer, mas as pequenas etiquetas encarnadas a chamar por nós falam mais alto e levam-nos a cometer loucuras... Mas vimos, oh se vimos!, para casa felizes da vida! Felizmente esta loucura é passageira... Mas daqui a uns tempos está de volta! Beware!

terça-feira, 29 de julho de 2008

Bovinanço*


Inspirar. Expirar. Inspirar. Expirar. Ultimamente já parece que já nem sabia fazer isto... Com a falta de ar dos exames e das frequências e das datas e dos livros ainda nem me tinha apercebido do Verão que está aí. Mas nos próximos dias isso vai mudar... Por uns dias vou para a Ericeira para recarregar baterias e vou-me dar ao luxo de fazer NADA! Ou nada de muito produtivo, pelo menos... Mas vai ser muuuuuito bom... Com a R. e com quem mais encontrar vou poder respirar fundo e aproveitar... Pelo menos para já! Depois logo se vê... Por agora vou-me limitar a preocupar com grandes questões como: protector ou bronzeador?
*Vem do verbo "bovinar" e é uma expressão que me é particularmente querida... Estão a ver os seres bovinos, felizes e contentes pelos campos, a comer e a dormir, e que nos fazem pensar "bolas, que inveja... Isto é que é vida..."? Exactamente.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Mädchen



Há coisas que fazem parte do imaginário de qualquer criança, coisas que todos tivemos ou simplesmente sonhámos: uma profissão especial, uma bicicleta, um brinquedo, um cão...
Cá eu queria um labrador! Um igual aquele do filme do cão que joga à bola... Esse mesmo! Mas o tempo vai passando e, como nem os meus peixinhos dourados eram particularmente felizes, o pequeno sonho do cão ficou arrumado ao pé de tantos outros de que nos esquecemos ou que vão deixando de fazer sentido. Mas nem sempre esses "sonhos de menino" (como diria o outro...) ficam para trás, alguns deles fazem mesmo parte daquilo que somos e para o qual crescemos. Quantas pessoas conseguiram realmente ser bombeiras ou enfermeiras (no meu caso e das minhas irmãs estaríamos mais a caminho de ser empregadas de escritório...)? Quantas vão ainda à natação ao sábado de manhã? Quantos de nós se deixam ainda encantar com um "brinquedo" novo? Eu acredito que muitos! Porque na verdade ainda vamos (muito!) a tempo de concretizar alguns sonhos que ainda nos fazem cócegas lá no fundo da lembrança. Para já fico-me pelo cão dos meus sonhos.

domingo, 27 de julho de 2008

Voilá

Foi um parto fácil e indolor. Com a C. do outro lado a ajudar lá foram surgindo as linhas que agora compõe (mais ou menos...) este blog! Não prometo grandes inovações nem grandes rasgos de genialidade, mas vou tentar deixar um bocadinho de mim neste meu novo cantinho cibernáutico... Mesmo quando as coisas não pareçam assim tão cor-de-rosa!


"Quand il me prend dans ses bras
Il me parle tout bas,
Je vois la vie en rose"
Edith Piaf, La Vie En rose